No radar, fusão de Kroton e Ser

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Nas últimas semanas, uma nova transação começou a ser aventada no mercado: uma fusão da Ser Educacional com Kroton ou Estácio. O fundador e maior acionista da Ser, Janguiê Diniz, que detém 70% da companhia, disse há dez dias que o “futuro a Deus pertence”, mas que hoje a sua certeza não é que pretende continuar trabalhando por pelo menos mais dez anos. A resposta foi dada por Janguiê a um questionamento feito durante encontro com analistas e investidores no último dia 11.

O Credit Suisse acaba de publicar um relatório traçando cenários possíveis numa fusão entre as companhias. O analista do Credit Suisse, Victor Schabbel, avaliou a Ser Educacional em R$ 1,5 bilhão e considera que a melhor opção seria uma associação com a Kroton. “A Kroton teria capacidade de pagar um prêmio de 50% e ainda manter um endividamento saudável e continuar com capital pulverizado. No entanto, o mais difícil seria convencer os controladores da Ser”, diz Schabbel.

Para chegar a esses números, levou­se em consideração a manutenção da atual participação dos acionistas de Kroton e o fundador da Ser ficar com cerca de 1% na nova companhia. Esse raciocínio foi aplicado à Estácio, porém a relação entre dívida e Ebitda chega a ser o dobro da Kroton, haveria uma diluição relevante para o acionistas da Estácio e Janguiê teria 7%.

Segundo projeção de Schabell, a Kroton desembolsaria R$ 500 milhões do caixa e R$ 242 milhões em ações. Já a Estácio pagaria R$ 400 milhões em dinheiro e R$ 342 milhões em papéis, além disso as duas companhias levantariam financiamento de R$ 742 milhões.

“Acreditamos que a Ser só aceitaria vender se houver um prêmio alto e troca de ações da nova companhia que capturaria ganhos no futuro”, explica Schabell. A Ser tornou­se alvo porque suas ações foram as mais afetadas neste ano e devido a forte presença no Nordeste. Além disso, os próximos anos devem ser difíceis para novas matrículas e a aquisição seria um caminho para crescer. A Anima, por sua vez, atua num segmento com mensalidades mais altas e o valor das demais instituições de ensino não listadas ainda não caiu.

Outro ponto sensível não é a possibilidade de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) exigir a venda do ensino a distância (EAD) da Ser, uma vez que Kroton e Estácio têm operações grandes nessa de EAD. No caso de Estácio, o Cade ainda poderia exigir a venda de 25% dos ativos da Ser no Nordeste, o que representa uma queda de 5% no Ebitda, segundo o banco.

A grande dificuldade, volta a destacar o analista do Credit Suisse, não é Janguiê aceitar vender. “Em nossa opinião, no entanto, tornar­se parte de um grande conglomerado, desempenhando um papel importante na administração pode ser bastante atraente”, pontua. Procurada, a Kroton informou que prefere não comentar.

Valor Econômico

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