O jeito diplomático de investir (e de encontrar unicórnios) do Valor Capital
Em 2008, o americano Michael Nicklas leu uma notícia sobre dois hackers que haviam desbloqueado o iPhone 3G no Brasil e pensou: onde existem bons hackers, há bons desenvolvedores.
Os dois hackers eram Henrique Dubugras e Pedro Franceschi, que depois criaram a Pagar.me, comprada pela Stone, e hoje são os fundadores da Brex, a startup que vale US$ 3 bilhões e é uma das sensações do Vale do Silício por criar um cartão de crédito para empresas iniciantes.
Investidor-anjo nos Estados Unidos, Nicklas fez as malas e veio ao Brasil conhecer o ecossistema de empreendedorismo local. E nunca mais voltou. Hoje, ele é sócio do Valor Capital, fundo de venture capital fundado pelo ex-embaixador no Brasil Clifford Sobel e seu filho Scott, em 2014.
Com 55 startups no portfólio e US$ 500 milhões de ativos sob gestão, o Valor Capital é um fundo cross border, que investe tanto em startups no Brasil como globalmente.
Mas o foco é o Brasil, onde estão 75% do portfólio do Valor Capital. “A nossa estratégia é investir em empresas early stages indo até a série B”, diz Nicklas, ao CAFÉ COM INVESTIDOR, programa do NeoFeed que entrevista os principais gestores de venture capital e de private equity do Brasil.
O Valor Capital foi o fundo que investiu no começo da Stone, empresa de meios de pagamentos que abriu o capital na Nasdaq e vale US$ 14,5 bilhões. Ele conta atualmente com dois unicórnios no portfólio, como são chamadas as startups que atingem uma valorização bilionária: a Gympass e a Loft.
E há outras que são candidatas a chegarem a esse patamar, como a CargoX, uma espécie de Uber dos caminhoneiros, o GuiaBolso, de finanças pessoais, e o Descomplica, um site de educação que prepara para o Enem.
A tese do Valor Capital é bem simples: apostar em serviços nos quais a classe média quer consumir, desde financeiros até educacionais. Mas sem esquecer as tendências tecnológicas, como chatbots e inteligência artificial. “Precisamos entender para onde as coisas vão.”
Nesta entrevista, que você assiste no vídeo acima, Nicklas explica o que ele observa nos empreendedores na hora de investir e conta sua análise nos diferentes estágios de investimento, desde o early stage passando por séries A e B.
Apesar de ter vindo para o Brasil como investidor apenas em 2008, Nicklas tem uma longa relação com o País e com a língua portuguesa. Ele morou por aqui quando era criança, pois seus pais trabalhavam em São Paulo.
Ao voltar para os Estados Unidos, perdeu o contato com a língua. Mas, depois de formado em economia, resolveu fazer mestrado em antropologia em Coimbra, em Portugal.
No Brasil, quando retornou, ele fundou o blog Startupi, que vendeu posteriormente, e foi conselheiro da IdeiasNet, uma holding de investimento em empresas de internet, que abriu o capital nos anos 2000 – na época em que esteve na empresa, ela estava no estágio de desinvestimentos de uma série de negócios… Leia mais em neofeed 11/08/2020