Depois de meses de negociações, o grupo educacional Kroton acertou a venda da catarinense Uniasselvi por R$ 1,1 bilhão para os fundos Carlyle e Vinci, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. O negócio deve ser anunciado nos próximos dias. A Uniasselvi fazia parte dos ativos que a Kroton precisava vender para cumprir exigências impostas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) depois de sua fusão com outra gigante do setor, a Anhanguera, em julho do ano passado.
A Kroton comprou a Uniasselvi originalmente em 2012, por R$ 510 milhões. Segundo especialistas em educação, o principal trunfo da Uniasselvi não é o seu negócio de ensino a distância, tido como um dos nichos mais lucrativos do ensino superior no País. A Uniasselvi contabiliza cerca de 75 mil estudantes no ensino à distância e tem uma estrutura presencial tímida, com atuação apenas nos municípios catarinenses de Indaial e Timbó.
A Uniasselvi foi fundada pelo professor de filosofia José Tafner, ex-reitor da Faculdade Regional de Blumenau (Furb) e ex-secretário estadual de Educação em Santa Catarina. Em 2008, os três filhos – Marlon, Malcon e Marlen – assumiram a empresa e coordenaram um processo de profissionalização, com a contratação de um presidente que não era da família, o que abriu espaço para a venda à Kroton, quatro anos depois.
Dessa vez, além da proposta dos fundos, que estava na mesa pelo menos desde junho, a Uniasselvi também chegou a ser negociada neste ano com o grupo educacional Cruzeiro do Sul e o fundo Actis.
Essas conversas não foram concretizadas, segundo fontes de mercado, porque envolviam troca de ações. A Kroton, porém, precisava se desfazer do ativo para satisfazer o Cade. Além disso, o valor oferecido pelos fundos era considerado atrativo.
Com mais de 1 milhão de estudantes, a Kroton concentra as marcas Anhanguera, Pitágoras, LFG e Unopar – esta última também não é um negócio forte em ensino a distância. A Unopar, fundada nos Anos 1970 em Londrina (PR), foi adquirida pela Kroton em dezembro de 2011, por R$ 1,3 bilhão, no que se configurou na maior aquisição de um grupo educacional já registrada no País até então.
Procurados, Carlyle e Vinci não quiseram se pronunciar. A Kroton afirmou que “não comenta negociações em andamento”.
Força
Segundo fontes de mercado, a aquisição mostra que alguns segmentos seguem atrativos no cenário de crise. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que fundos de investimento ainda olham de perto ativos de educação – apesar mudanças no programa de financiamento estatal de mensalidades, o Fies – e em saúde.
O americano Carlyle, por exemplo, adquiriu em abril deste ano uma fatia inferior a 10% da empresa de hospitais Rede D’Or, pela qual desembolsou R$ 1,75 bilhão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo