Por Marina Falcão e Talita Moreira | De São Paulo
A InBrands, gestora de marcas de moda, precisará de uma nova injeção de capital no próximo ano para entrar numa outra etapa de aquisições. A afirmação foi feita pelo diretor financeiro da InBrands, Rafael Grisolia.
A injeção de recursos pode ser feita por meio de uma oferta inicial de ações, entrada de investidor estratégico ou aporte de capital dos atuais acionistas.
A InBrands tem como principal controlador a Vinci Partners, que detém uma fatia de 39,47%. Os fundadores da Ellus (primeira grife da holding), Nelson Alvarenga e Américo Fernando Rodrigues Breia, têm 38,49%. O restante do capital está com os antigos donos das marcas adquiridas.
Neste ano, a InBrands focou seus esforços na integração das aquisições realizadas em 2010 e 2011. Nesses dois anos, a gestora comprou as grifes Mandi, Richards, Salinas, VR, entre outras. O diretor financeiro da gestora acredita que o processo de integração seja concluído ao longo do próximo ano.
A InBrands encerrou o ano passado com prejuízo de R$ 14,1 milhões, uma redução de 35,8% em relação à perda de R$ 22,1 milhões apurada em 2011. Já a receita líquida mais que dobrou, para R$ 780 milhões em 2012.
A InBrands atua no segmento de consumo, um mercado considerado atraente para fusões e aquisições mesmo com o atual cenário de crescimento econômico mais baixo, segundo advogados e executivos de bancos de investimentos que participaram ontem do evento “A retomada das fusões e aquisições no Brasil: mercado de bens de consumo”, promovido pela Mergermarket e pela Merrill Datasite, realizado em São Paulo.
“O Brasil não está em seu melhor momento, mas não dá para dizer que está em situação ruim”, afirmou Renato Boranga, que faz cobertura de empresas de consumo e varejo no banco de investimentos do Credit Suisse.
Segundo Boranga, os fundamentos das companhias dessas áreas continuam interessantes. Ao mesmo tempo, o Brasil tem um ambiente institucional e cultural mais confortável para os investidores em relação a países como China, Índia e Rússia.
Para Melissa Magnus, diretora do BNP Paribas, que atua no setor de consumo, o mercado brasileiro perdeu espaço para outros países da América Latina, mas ainda oferece oportunidades em áreas como higiene e cosméticos, alimentação saudável e estilo de vida.
Os advogados Ricardo Veirano e Pedro Souza Dias destacaram que o ambiente jurídico brasileiro melhorou muito nos últimos anos, o que ajuda nas fusões e aquisições.
Já a falta de profissionalismo em algumas empresas de consumo de médio porte e as deficiências de infraestrutura do Brasil foram apontadas como fatores que dificultam a vinda de novos investidores. “Interesse existe, o mercado está aí, mas há desafios regulatórios, fiscais e de logística”, afirmou o diretor financeiro da InBrands.
Fonte: Jornal Valor Econômico
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