Após anos praticamente ausentes da febre de fusões e aquisições que tomou conta da indústria de tecnologia, os fabricantes de chips estão agora firmando acordos e fechando negócios a um ritmo recorde, pressionados pela necessidade de aumentar o volume de vendas, diante da escalada dos custos de produção e o encolhimento da base de clientes. Até setembro, a indústria mundial de semicondutores movimentou mais de US$ 76 bilhões em fusões e aquisições, a maior cifra anual já registrada.
Um sintoma de que os negócios devem se manter aquecidos pelo menos até o fim deste ano não é a quantidade de companhias que vêm se movimentando nesse sentido. A Fairchild Semiconductor International, por exemplo, uma das gigantes do setor, fundada pelo físico americano Robert Norton Noyce, criador do microchip, está em busca de possíveis compradores. A Analog Devices e a Maxim Integrated Products estão em fase avançada de negociações para uma possível fusão de suas operações, enquanto a SanDisk está contratando um banco para coordenar uma potencial fusão, aquisição e até mesmo venda da empresa. Em maio passado, a Avago Technologies adquiriu a Broadcom, o que foi considerado o maior negócio tecnologia no ano até aquele período.
De acordo com analistas, na medida em que celulares, carros e outros produtos eletrônicos se tornam mais sofisticados, os custos de concepção e produção das peças estão aumentando rapidamente, ao mesmo tempo em que a base de clientes da indústria de chips está encolhendo, já que os fabricantes de celulares, tais como a Apple e a Samsung, cada vez mais estão optando por produzir suas próprias peças, e o mercado de computadores pessoais continua em franca desaceleração.
Impulso da China
O mercado de fusões e aquisições está sendo impulsionado em grande parte pela China, onde o governo está intensificando aquisições e outros investimentos — principalmente de fabricantes de chips estrangeiros. O objetivo não é encontrar parceiros e tecnologia que possam suprir a incipiente indústria de semicondutores doméstica e, eventualmente, substituir as importações. “Todo mundo está olhando para a indústria de semicondutores e dizendo temos de ficar muito maior”, diz Gus Richard, analista da Northland Capital Markets à Bloomberg.
Para superar os desafios de custo e a queda da base de clientes, muitos fabricantes de chips se espelham em players como a Texas Instruments e a Intel. A Fairchild, fundada na década de 1950, terminou o ano passado com cerca de um décimo da receita da Texas. Diante disso, a empresa contratou o Goldman Sachs Group para ajudá-la a encontrar um comprador e está em conversações com potenciais pretendentes, incluindo ON Semiconductor e a Infineon Technologies AG, segundo pessoas familiarizadas com o assunto disseram à agência de notícias.
A Analog Devices, que já fez uma aquisição neste ano, se conseguir fechar a fusão com a Maxim Integrated, praticamente dobraria as vendas, fazendo com que sua receita saltasse para mais de um terço da receita da Texas.
No geral, com um número menor de empresas no mercado, a indústria de chips acredita que reduzirá os ciclos de altos e baixos, o que torna as fusões menos arriscadas e abre oportunidades para fabricantes adquiram outros, reduzam custos e tornem as empresas combinadas mais rentáveis, de acordo com Stacy Rasgon, analista da Sanford Bernstein. “A maioria das ofertas atuais são movidas por busca de sinergias de escala e redução de custos”, disse Rasgon. “Em ciclos anteriores era muito mais devido ao crescimento da receita e compra de tecniologia.”