Fundos mantêm suas apostas para 2016

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RIO DE JANEIRO – A crise econômica, que vem assustando o País inteiro, pode passar ao largo de empresas inovadoras e de tecnologia, que continuarão recebendo aportes dos fundos de investimentos neste ano.

Essas empresas, geralmente startups ou de negócios tradicionais, mas com forte apoio tecnológico, vêm sendo incorporadas ao portfólio de vários fundos de private equity e venture capital, voltados em grande parte para as pequenas e médias, confiantes no bom desempenho que poderão ter em 2016.

O otimismo com a possibilidade de resultados positivos neste ano também já se instalou entre os gestores dos fundos, que esperam repetir o desempenho do ano passado. “Na minha opinião, 2016 será um excelente ano para se investir e tenho ouvido isso de vários investidores com quem converso”, afirma Newton Campos, professor do Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da Fundação Getulio Vargas (GVcepe). Segundo ele, há boas condições para que isso ocorra.

Os recursos para investimentos neste ano, já em carteira dos fundos, foram captados ao longo dos últimos anos, o que ainda garante um bom fôlego para 2016. Além disso, afirma Campos, os ativos brasileiros estão muito baratos, o que vem despertando o interesse dos investidores, principalmente dos que patrocinam fundos em moeda estrangeira.

Newton Campos ressalta ainda que os investimentos em melhorias nas startups e empresas de tecnologia estão também muito mais baratos, e quem comprar esses ativos, diz ele, certamente terá grandes possibilidades de conseguir negociar bons contratos, o que pode estimular novos aportes.

Já nos negócios tradicionais, que têm um crescimento mais lento, afirma Campos, será preciso buscar alternativas na inovação para enfrentar 2016. “Será necessário fazer mais com menos. Essas ferramentas certamente trarão muitas oportunidades, mas vão eliminar muitos empregos. Porém, para o empreendedorismo, será uma grande oportunidade”, afirma o professor.

A expectativa de um bom desempenho neste ano entre os gestores, mesmo diante de indicadores tão sombrios, se justifica pelo que esses fundos assistiram no ano passado, quando algumas das empresas que receberam aportes dobraram de tamanho e não pararam de crescer.

A Zee Dog, que comercializa produtos para animais de estimação e contou com aporte da DXA Investments, faturava cerca de R$ 20 mil mensais em 2012, início da parceria com o fundo. Em 2015, a empresa teve um faturamento mensal em torno de R$ 3 milhões. A SambaAds, distribuidora de vídeos para sites na internet, recebeu R$ 3,5 milhões do fundo E-Bricks Ventures no início do ano passado e com o aporte conseguiu dobrar seu faturamento no período e espera ter este mesmo desempenho neste ano.

“Todas as empresas nas quais investimos apresentaram crescimento em 2015, embora tenha ocorrido uma retração da economia. Mas, não é claro, não deixamos de olhar os efeitos da crise, e sempre estamos procurando negócios que tenham a inovação como carro chefe”, ressalta Oscar Decotelli, CEO da DXA Investments, que tem sob sua gestão cerca de R$ 500 milhões. “Focamos nosso negócio em empresas com até R$ 5 milhões em Ebitda”, afirma ele.

“Parte do nosso DNA não é de inovação, tanto na própria DXA quanto nos negócios em que investimos. Numa comparação com o futebol, olhamos sempre onde a bola vai estar e nem sempre onde ela está no momento. Olhamos sempre para onde o mercado vai”, afirma Decotelli.

Formado no Brasil em 2012 e contando com 27 empresas em seu portfólio, todas atuando no setor da internet, o Redpoint tem sob sua gestão US$ 130 milhões, que foram sendo usados ao longo desses anos. Segundo Manoel Lemos, um dos sócios da empresa, os investimentos são em startups que operam na internet e que têm a capacidade de apresentar novos modelos de negócio ou fazem algo já existente, mas de forma mais eficiente. “O Redpoint tem como princípio entrar nas empresas quando elas estão fazendo sua primeira captação e se torna sócio participando com cerca de 25% a 30% do capital“, afirma ele.

Lemos destaca ainda que o fundo tem uma boa reserva para investir neste ano e espera que os resultados sejam iguais ou próximos dos de 2015, quando todas as empresas do portfólio apresentaram crescimento. “São empresas inovadoras e, por isso, ainda têm muito espaço para crescer”, diz ele, destacando que o e-commerce no ano passado cresceu 15%, mesmo sendo um negócio que pode sentir algum impacto da crise econômica.

Maurício Athayde

Site DCI

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