De volta às compras

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A pós o pânico inicial provocado pela pandemia adiar muitos negócios, empresas e fundos de investimentos voltaram a planejar fusões e aquisições. A expectativa é que o volume de transações desse tipo chegue a R$ 31,3 bilhões no segundo semestre deste ano, de acordo com estimativa feita pela consultoria Alvarez & Marsal a pedido do GLOBO. É um aumento de 66% em relação à primeira metade do ano, quando foram finalizados R$ 18,8 bilhões em operações.

A lista de negociações em curso é extensa e envolve diversos setores, com destaque para saúde, tecnologia, varejo e telecomunicações. Hoje, a Oi dá o pontapé inicial para se desfazer de diversos ativos, como sua operação de telefonia móvel, a rede de fibra óptica e torres. Para isso, será preciso que os credores aprovem o plano de venda de ativos durantes a assem bléia marcada para esta terça-feira. Claro, TIM e Vivo estão bem posicionadas para dividir a rede de celulares.

A Petrobras segue com a meta de vender parte de suas refinarias ainda este ano, além de campos de petróleo e outras subsidiárias, que tem investidores estrangeiros entre os interessados. A vare j ista Magazine Luiza, que adquiriu no último mês quatro empresas, já sinalizou a investidores que o apetite segue em alta.

No setor de tecnologia, a disputa entre a Stone e a Totvs pela Linx, em presa de software de gestão para o varejo, tem chamado a atenção com lances superiores a R$ 6 bilhões. Enquanto isso, apropria Linx foi às com pras na sem ana passada: adquiriu a Humanus, de soluções para folha de pagamento.

FATORES FAVORÁVEIS
Levantamento da consultoria Deloitte, que mede as transações concluídas e em curso, também indica forte potencial de novos negócios na segunda metade do ano. Foram 211 operações entre março e maio.
Entre junho e agosto, o número saltou para 334.

Os juros baixos, com a Selic em 2% ao ano, no menor patamar da série histórica, levam investidores a buscar outras aplicações e ajudam a explicar o reaqueci mento dos negócios. Também contribupara isso a desvalorização do real, que atrai estrangeiros em busca de negócios promissores e baratos. Além disso, a própria pandemia aumentou os problemas de empresas já em dificuldades, que ficam mais vulneráveis à venda.

Para Leonardo Nascimento, sócio da UrcaCapital Partners, muitas empresas estão aproveitando os preços baixos para ganhar escala. Paula Seabra, sócia do Dias Carneiro Advogados, diz que o movimento reflete “um momento único”: real desvalorizado, juros baixos e mercado de capitais extremamente ativo. Ela cita ainda o alto número de empresas em recuperação judicial, o que também gera oportunidades: — As empresas precisam vender ativos para recompor liquidez. Isso tem gerado oportunidades de comprar bons ativos por preços mais vantajosos. Vemos ainda estrangeiros aproveitando a desvalorização do real e comprando ativos por preços vantajosos.

Reinaldo Grasson, sócio da Deloitte, diz que o aumento no número de empresas que pretendem abrir seu capital na Bolsa por meiode oferta pública inicial de ações (IPO) também favorece a ida às compras.

Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM ), há 46 empresas na fila, um recorde: — A Bolsa voltou aos 100 mil pontos, e o volume de I POs indica que já há uma retomada.

As empresas abrem seu capital em grande parte para se capitalizar e fazer aquisições.
Para analistas, o cenário de retomada de fusões e aquisições pode ser um sinal de que 0 pior momento da economia passou, com investidores enxergando o longo prazo. Na semana passada, o IBGE apontou um recuo de 9,7% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, a maior retração já registrada no país. A aposta agora no mundo dos negócios é numa recuperação, ainda que lenta.

INVESTIDORES ATENTOS André Pimentel, sócio da Performa Partners, destaca a perspectiva de continuidade da agenda de reformas no Congresso, com o a tributária e a administrativa, com o um fator favorável aos negócios, apesar dos ruídos políticos.

—Tivem os uma queda grande (nas fusões e aquisições) por conta da incerteza da pandemia, mas já estamos retomando. Há ainda muita liquidez no mundo. Conversamos com nove gestoras de investimentos, que sinalizaram um volume disponível de pelo menos R$ 10 bilhões para operações no m ercado brasileiro. O juro baixo no Brasil forçou a busca por investim entos de maior retorno —diz Carlos Priolli, sóciodiretor da Alvarez & Marsal.

A francesa Engie, maior produtora privada de eneigia elétrica do Brasil, está de olho em negócios na área de infiraestrutura. Após comprar 90 % da TAG, rede de gasodutos com 4.500 quilômetros de extensão que pertencia à Petrobras, no ano passado, concluiu em julho a aquisição dos 10% remanescentes, por cerca de R$ 1 bilhão. O presidente da Engie no Brasil, Maurício Bãhr, diz que a empresa segue em busca de oportunidades: — Grandes investidores em infraestrutura, como nós, não podem deixar de estar presentes no Brasil. Estamos sempre atentos a oportunidades em geração renovável de energia, na área de gás, linhas de transmissão, entre outros.

A Bali, do setor de embalagens, tem postura parecida. A com panhia concluiu na semana passada a com pra da Tubex, de embalagens de alumínio para aerossol, com unidade fabril de Itupeva, em São Paulo, por US$ 80 milhões.

— Essa aquisição rep resenta a co n fian ça no negócio e no m ercado em expansão de aerossol da A m érica do Sul — diz Jorge Angel, executivo da Bali. Fonte:O Globo Leia mais em portal.newesnet 08/09/2020

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