SÃO PAULO (Reuters) – A operadora de telecomunicações Oi e o fundo russo LetterOne acertaram negociar por sete meses a injeção de capital de 4 bilhões de dólares na empresa para tentar viabilizar a eventual fusão com a TIM Participações.
Em fato relevante publicado nesta sexta-feira, a Oi informou ter enviado contraproposta de negociações exclusivas com o fundo russo por sete meses contados a partir de 23 de outubro. De acordo com a empresa, o fundo do bilionário Mikhail Fridman aceitou a contraproposta.
“Se concretizada a operação em construção, espera-se uma redução de alavancagem da Oi, tornando-a um player mais robusto, e a geração de importantes sinergias e ganho de escala”, informou a empresa no comunicado.
“Uma potencial união da Oi com a TIM Participações deve resultar na constituição de um operador mais completo e bem posicionado, capaz de competir com players globais já instalados no país“, completou a empresa.
Uma fusão entre as duas empresas teria de ser aprovada por órgãos reguladores como Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A Oi havia anunciado em 26 de outubro que o grupo de investidores russo enviou à empresa proposta para uma injeção de capital na operadora, condicionada a uma combinação da companhia com a TIM.
A operadora brasileira vem falando publicamente desde o ano passado sobre sua intenção de fusão com a concorrente, mas a operação era vista com ceticismo pelo mercado diante do alto endividamento da Oi, de 34,6 bilhões de reais.
A Telecom Italia, controladora da TIM, tem afirmado por outro lado que a operação no Brasil não é estratégica para a companhia.
Nesta semana, o presidente da Telecom Italia, Marco Patuano, declarou em evento do setor no Brasil que eventual fusão entre sua controlada e a Oi dependerá de uma atualização do marco regulatório da telefonia fixa no país.
A Oi, por ser a maior concessionária de telefonia fixa do país, tem uma série de obrigações com o governo brasileiro, como investimentos em universalização do serviço fixo e manutenção de orelhões, além de ativos que devem ser devolvidos à União após o fim dos contratos de concessão, em 2025.
Firmados após o processo de privatização do setor, os contratos são revisados a cada cinco anos. A Oi considera que os compromissos estão sendo onerosos e prejudicando a lucratividade da empresa.
Também nesta semana, o presidente da TIM, Rodrigo Abreu, declarou ser necessário alterar o cenário de concessão de telefonia fixa no país para dar mais impulsos a investimentos de longo prazo no setor de telecomunicações e viabilizar eventuais movimentos de consolidação.
A TIM não é a segunda maior operadora de telefonia móvel, mas tem pequena presença na telefonia fixa, que não é o maior ativo da Oi.
Procurada nesta sexta-feira, a TIM não se manifestou até o momento sobre o mais recente comunicado publicado pela Oi.
(Por Luciana Bruno)