Para definir o preço da Celg será preciso fazer avaliações rigorosas. Mas o mercado especula que a empresa — que, com o aumento da tarifa, deve passar a faturar mensalmente cerca de 750 milhões de reais, e a concessão foi renovada por 30 anos — deve valer de 7 a 8 bilhões de reais (metade para o governo de Goiás e metade para a Eletrobrás).
Das sete empresas de energia que foram federalizadas — estão sob controle da Eletrobrás —, a Celg não é apontada como a que está em melhor situação. Com seus 2,5 milhões de clientes e baixa inadimplência, não é mencionada, em Brasília, como “a joia da coroa”. Além disso, devido ao crescimento da economia regional, há uma demanda reprimida por energia.
Executivos de grandes empresas, frios e racionais, não costumam demonstrar interesse exacerbado na aquisição de estatais. No caso da Celg, comenta-se que, no mercado, que pelo menos seis empresas estão interessadas em adquiri-la.
O nome mais citado não é o da Enel (conhecida no país como Endesa), multinacional italiana (parte de seu capital não é estatal), porque não é proprietária da Usina de Cachoeira Dourada — vendida no governo de Maguito Vilela (PMDB), no fim da década de 1990. Com a geradora, a usina, e a distribuidora, a Celg, a Enel multiplicaria seu faturamento no país. Aquisição de Cachoeira Dourada não é considerada pela empresa como um de seus grandes acertos. Rapidamente, pagou o investimento e a usina não é citada como “extremamente lucrativa”. É provável que, se não tivesse sido vendida, a Celg estaria em melhores condições financeiras e, assim, não precisaria ser privatizada.
A Equatorial Energia (capital nacional e internacional), com forte atuação no Pará e no Maranhão, também estaria interessada na Celg, comenta-se em Brasília.
O Grupo Energisa (da família Botelho, com participação do Banco Itaú, entre outros) aparece entre os mais cotados para adquirir a Celg. Distribui energia para 6,3 milhões de clientes em 788 municípios de nove Estados, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e São Paulo.
A CPFL Energia, maior companhia privada do setor elétrico do Brasil, também estaria interessada em adquirir a Celg.
O leilão da Celg está marcado para 19 de novembro deste ano. Porém, apesar do maciço interesse do governo federal (pensando no superávit primário), não é provável que seja adiado, talvez para 2016. Aqueles que quiserem comprar a companhia goiana terão de comprovar que têm capacidade financeira para garantir os investimentos necessários para melhorar os serviços. O edital mencionará que, para que a concessão seja outorgada, a empresa vencedora deverá passar por um período probatório. Se não cumprir metas estabelecidas, a concessão poderá ser retirada.