Por Scheherazade Daneshkhu e Rachel Sanderson | Financial Times, de Paris e Milão
A LVMH pagou € 2 bilhões por uma participação majoritária na Loro Piana. Com isso, a empresa famosa por artigos de cashmere para bebês se tornou a mais recente de uma série de casas de moda italianas de controle familiar que passaram para as mãos de conglomerados franceses de produtos de luxo.
A Loro Piana, especializada na produção de cashmere desde o início do século XIX, era há muito considerada candidata a abrir capital no mercado acionário ou a ser comprada, tendo em vista seu interesse em expandir-se internacionalmente.
Bernard Arnault, presidente do conselho de administração e executivo-chefe da LVMH, fez jus ao apelido de “lobo em pele de cashmere” e comprou uma participação de 80% na empresa italiana, que possui 130 lojas próprias no mundo e cujas vendas devem chegar a € 700 milhões neste ano.
“Nossa família está orgulhosa em associar nosso nome ao da LVMH”, disseram Sergio e Pier Luigi Loro Piana, filhos do fundador, que ficarão com os 20% restantes da empresa. “Ao associar-se com a LVMH, que já está consolidada em torno de marcas históricas, a Loro Piana vai beneficiar-se com sinergias excepcionais, mas sempre ficando em posição de preservar sua tradição”, afirmaram em comunicado.
O acordo não é uma notícia bem-vinda para a LVMH, que na semana passada foi multada em € 8 milhões pelo órgão regulador do mercado acionário francês por infrações na divulgação de informações relacionadas ao aumento de participação na concorrente francesa Hermès, de menor escala.
A Hermès, famosa pelas bolsas Birkin e por seus cachecóis de seda, rejeitou as ofertas de sinergias da LVMH e encabeçou ações legais contra o grupo, que por sua vez acusou a companhia de lançar uma “campanha de difamação” contra ela.
O acordo deverá desencadear mais críticas na Itália, que vem sendo uma fonte rica em alvos de aquisição para os maiores grupos de artigos de luxo do mundo, em especial da vizinha França.
Muitas marcas de luxo famosas da Itália estão sob pressão, enquanto tentam conciliar a recessão de dois anos que atingiu a demanda doméstica com as maiores exigências para financiar sua expansão internacional.
A LVMH comprou há dois anos a empresa italiana de joias Bulgari, com sede em Roma.
O grupo francês, maior conglomerado de artigos de luxo do mundo em vendas, também adquiriu, na semana passada, participação majoritária na cafeteria Cova, de Milão. Em junho, a Kering, novo nome da holding PPR, comprou a joalheria milanesa Pomellato.
Fonte: Jornal Valor Econômico
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