O grupo Hermès, de artigos de luxo, intensificou as pressões sobre a LVMH, sua indesejável acionista, mediante o encaminhamento de uma queixa legal visando anular contratos envolvendo derivativos que permitiram à sua maior rival repentinamente assumir uma fatia de 12% na Hermès.
A fabricante de lenços de seda e bolsas, passou à ofensiva legal a partir do outono passado, argumentando que o aumento de participação da LVMH foi “ilícito”.
A Hermès anunciou ontem ter apresentado uma queixa ao tribunal comercial de Paris, para “anular os contratos de swap de ações de que se valeu a LVMH para adquirir 12% do capital da Hermès. A Hermès sempre considerou esses swaps como ilicitamente motivados e como instrumento de comportamento fraudulento”.
A LVMH, dona da Louis Vuitton, revelou a participação de 12% em outubro de 2010, quando também anunciou deter uma fatia de 4,9%. E prosseguiu em sua ampliação de participação: agora tem 22,6% das ações da Hermès – 80% dos papéis em poder do público.
Bernard Arnault, presidente e CEO da LVMH, tem dito que suas intenções são “amistosas”. Mas a família Hermès, que detém 72% das ações, qualificou a abordagem de “ataque” e pediu que Arnault reduza ou venda sua participação.
A LVMH acusou a Hermès de promover uma campanha de difamação. “Esse ritmo frenético de ações legais visa a criação de uma agitação na mídia e sugere grande nervosismo”, afirmou a LVMH.
No outono passado [no hemisfério norte], a Hermès apresentou uma queixa à promotoria em Paris, referindo-se “à maneira pela qual LVMH assumiu uma participação no capital da Hermès”, alegando também abuso de informação privilegiada e manipulação do preço das ações.
A LVMH entrou com uma contra-queixa por “calúnia, chantagem e concorrência desleal”.
A LVMH afirma que os swaps de ações que comprou em 2008 foram convertidos em papéis da Hermès em consequência de uma decisão de última hora, em outubro de 2010. Mas a Hermès alega que a operação foi planejada e que o objetivo final da LVMH não é assumir o controle da empresa de 176 anos. A Hermès não é amplamente protegida contra aquisições hostis por sua estrutura de sociedade limitada.
O órgão fiscalizador do mercado acionário francês investigou a operação e em maio pediu a aplicação da multa máxima de € 10 milhões à LVMH por ter descumprido regras de divulgação de informações relevantes e supostamente ter planejado uma operação financeira contra Hermès, o que pode ter afetado o preço das ações da companhia de luxo.
A comissão de punições da agência fiscalizadora, que não é um órgão independente, decidirá até o fim de julho se manterá ou anulará as decisões.
Fonte: Jornal Valor Econômico
Linl: https://www.valor.com.br/empresas/3167890/hermes-busca-anular-participacao-da-lvmh#ixzz2XRnlQP7L